14.abril.2016 - «Apenas o coração pode bater»


Durante o mês de abril, os Paços do Concelho, o Centro Cultural de Cascais e o Museu Condes de Castro Guimarães “vestiram-se” de azul para receber uma campanha nacional contra maus tratos na infância e juventude, que teve o seu ponto alto no dia 14, com a formação de um laço humano no mercado da vila (estava previsto ser na baía de Cascais, mas a chuva torrencial impôs outro lugar).
O símbolo associado a esta campanha é “Laço Azul”,(Blue Ribbon), tal como a luz que iluminou três dos mais emblemáticos edifícios de Cascais.
A ideia do laço azul nasceu em 1989, na Virgínia, E.U.A.,quando Bonnie W. Finney, uma avó atenta e preocupada, amarrou uma fita azul à antena do seu carro. A trágica história de maus tratos aos seus netos levou Bonnie a alertar a comunidade para este problema da sociedade atual, muitas vezes camuflado no seio familiar. A cor azul foi especialmente escolhida como constante lembrança aos corpos espancados e nódoas negras resultantes das agressões.

Cascais associou-se, assim, à campanha nacional “Abril Mês da Prevenção dos Maus Tratos na Infância e Juventude”, promovida pela Comissão Nacional de Proteção das Crianças e Jovens.
O Grupo de Teatro EngraçArte, da Escola Secundária Fernando Lopes-Graça, fez a apresentação da Declaração dos Direitos da Criança e do sketch dramático “Só o coração pode bater”. A apresentação do evento esteve a cargo da atriz Joana Brandão.



“Estamos aqui para representar o concelho de Cascais nesta causa, para que mantenhamos 365 dias por ano este balão azul dentro do coração”, afirmou o vereador Frederico Pinho de Almeida que esteve presente neste evento, organizado pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Cascais (CPCJC), com o apoio da Câmara Municipal de Cascais.



EngraçARTE no Mercado da Vila, Cascais


Margarida Camacho, David Baião, Sofia Bigares, Carolina Matos, Regina Brasil, Leonor Pinto, Marta Baptista, Carolina Piedade, Rita Almeida, Miguel Pereira, Maria Eduarda...   
e M.ª João Camacho, a fotógrafa.
Nesse dia, chovia torrencialmente. Todos ficaram encharcadíssimos.

22.fevereiro.2016 - «Da minha língua vê-se o mar»


 

No dia 22 de fevereiro, o EngraçARTE fez uma apresentação pública com a tradução em várias línguas do texto de Vergílio Ferreira, "Da minha língua, vê-se o mar"

Uma língua é o lugar donde se vê o mundo 
e em que se traçam os limites do nosso pensar e sentir.
Da minha língua vê-se o mar. da minha língua ouve-se o seu rumor,
como da de outros de ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto.
Por isso a voz do mar foi a da nossa inquietação.



1916 - 1996 


A exposição foi também um modo de comemorar o centenário do nascimento do autor.

 
 "Da minha língua vê-se o mar", em grego e galego




O texto de Vergílio Ferreira também foi traduzido e deu igual importância a línguas maternas muitas vezes desprezadas (Zambézia, Cabo Verde, Guiné-Bissau).
 

A Língua que falas e escreves

é uma árvore de sons
que tem nos ramos as letras,
nas folhas os acentos
e nos frutos o sentido
de cada coisa que dizes.
[…]
A árvore desta língua
cresce no nosso quintal
e definha de vergonha
sempre que a tratam mal,
sempre que a sujam e vergam
com os erros cometidos
por quem usa as palavras
sem lhes saber os sentidos
e pensa que a gramática
é uma bola de futebol
que se trata com os pés.
[…]
Esta é a árvore de tudo
o que se diz em português
por não precisar de ser dito
em alemão ou em inglês,
pois temos orgulho bastante
para fazermos da nossa língua,
que já foi peregrina e navegante,
a pedra mais preciosa
seja em verso seja em prosa.
E o orgulho que temos
nesta Língua Portuguesa,
irá do berço para a escola
e da escola para a rua,
pondo em cada palavra
uma pepita de ouro
e uma centelha de lua,
pois afinal esta língua
será sempre minha e tua.

José Jorge Letria, in Esta Língua Portuguesa

Serena Velez